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CIÊNCIA - Pesquisadores brasileiros criam curativo sustentável a partir de resíduo da indústria pesqueira

CIÊNCIA - Pesquisadores brasileiros criam curativo sustentável a partir de resíduo da indústria pesqueira

Data de Publicação: 3 de maio de 2025 12:20:00 Inovação em curativos sustentáveis promete transformar o tratamento de feridas no SUS, ao oferecer uma alternativa nacional eficiente e de baixo custo. Essa iniciativa não só melhora o acesso à saúde, mas também fortalece a produção local e a sustentabilidade.

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Nova tecnologia tem potencial de substituir
produtos importados no SUS (Foto: Pexels)

 

Da Agência Bori

Um curativo que pode ser produzido localmente, à base de materiais sustentáveis e com potencial de acelerar a cicatrização foi desenvolvido por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e UFLA (Universidade Federal de Lavras). A invenção desponta como alternativa às bandagens importadas utilizadas no Sistema Único de Saúde (SUS), cuja dependência encarece o tratamento e torna o sistema mais vulnerável a crises globais de abastecimento. O estudo foi publicado nesta sexta-feira, 2, na revista Materials Research.

Batizado de CH50BGF, o curativo foi desenvolvido em formato de espuma e combina quitosana — polímero natural derivado de resíduos da indústria pesqueira — com micropartículas de vidro bioativo, material cerâmico já usado em aplicações biomédicas.

De acordo com o estudo, além de favorecer a produção sustentável e local, a combinação proporciona alta capacidade de absorção de exsudatos (líquidos liberados por feridas) e promove a cicatrização. Nos testes laboratoriais, o CH50BGF demonstrou capacidade de absorção de líquidos de até 160% em 24 horas, desempenho superior a muitos curativos comerciais. A tecnologia também pode ser personalizada para diferentes níveis de secreção, como em queimaduras de terceiro grau ou lesões por pressão.

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A quitosana atua como antimicrobiano natural, mantendo a umidade ideal para a regeneração do tecido e inibindo infecções, enquanto o vidro bioativo libera íons que estimulam a formação de novos vasos sanguíneos e a produção de colágeno, acelerando o fechamento da ferida.

Ainda são necessários testes clínicos para validação em larga escala, mas o pesquisador Eduardo Nunes ressalta que a estratégia é um modelo inovador e acessível, com capacidade de absorção comparável à de produtos comerciais consolidados como referência global no tratamento de feridas exsudativas.

"Sustentabilidade e inovação: o curativo que transforma feridas em cicatrização eficaz."

- Esse resultado reforça a possibilidade de conciliar sustentabilidade e alto desempenho, não apenas garantindo a porosidade necessária para a absorção, mas também preservando a integridade estrutural do curativo, mesmo em condições de saturação. Para um projeto voltado à substituição de insumos importados, esse resultado demonstra a viabilidade técnica de uma alternativa nacional, com potencial para reduzir custos e ampliar o acesso a tecnologias no SUS - afirma.

Num plano mais amplo, a proposta fortalece cadeias locais de inovação, integrando setores de pesquisa, indústria e agricultura.

- Essa abordagem não só alivia a pressão sobre os recursos públicos, mas também abre caminho para políticas de saúde mais resilientes, capazes de enfrentar crises globais sem depender de mercados externos - afirma Talita Martins, autora do estudo.

Atualmente, a equipe trabalha para consolidar toda a cadeia produtiva, da obtenção da matéria-prima à padronização do produto final.

- Isso envolve o aperfeiçoamento de processos sustentáveis de extração e purificação a partir de resíduos da indústria pesqueira, com o objetivo de estabelecer um protocolo robusto, que coloque Minas Gerais como referência nacional na obtenção dessa biomolécula - afirmam os pesquisadores.

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