Da redação:

A crescente preocupação com a sobrepesca — captura de uma espécie além de sua capacidade natural de reposição — tem gerado alertas em relação à tainha nos últimos anos. Somente em 2024, mais de 3 mil toneladas de tainha foram capturadas, o que equivale a cerca de 5,3 milhões de indivíduos, segundo dados do Ministério da Pesca e Agricultura (MPA). Este cenário alarmante levou a ONG internacional Mercy For Animals (MFA) a apresentar denúncias ao Ministério Público e ao Ibama, visando a investigação de práticas possivelmente em desacordo com as leis ambientais e de proteção animal.

As informações são da Mercy For Animals (MFA).

Peixes foram mortos por asfixia, um método criticado por especialistas tanto do ponto de vista científico quanto ético (Foto: MFA)

Entre as principais preocupações da MFA estão a ausência de medidas adequadas para a conservação da espécie e o uso de métodos de abate que causam extremo sofrimento aos animais. A situação é agravada pela recente decisão do MPA de aumentar em 20% a cota de pesca artesanal em comparação a 2023, além de permitir novamente a pesca industrial, que havia sido proibida no ano anterior. As práticas de emalhe anilhado, por exemplo, ultrapassaram os limites estabelecidos em portaria interministerial em 25,39%, repetindo infrações já registradas em 2021 e 2023.

A tainha é pescada durante seu período de migração reprodutiva, quando enormes cardumes se deslocam do sul da América do Sul para a região de Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Esse é um momento de extrema vulnerabilidade para a espécie, o que intensifica o risco de sobrepesca. Luiza Schneider, vice-presidente de Investigações da MFA, alerta que a pesca durante essa fase não só ameaça o ecossistema marinho, mas também impõe um sofrimento desnecessário aos animais. Ela destaca que na temporada atual, especialmente no litoral de Santa Catarina, milhares de peixes foram mortos por asfixia, um método criticado por especialistas tanto do ponto de vista científico quanto ético.

O cenário global da pesca é preocupante. A ONU estima que 30% das principais espécies de peixes comerciais estão sendo exploradas de forma insustentável. No Atlântico, 41% dos frutos do mar são pescados além do que a natureza consegue repor, e no Sudeste do Pacífico esse número chega a 61,5%.

Sobre a MFA

A Mercy For Animals é uma das maiores organizações sem fins lucrativos dedicadas a combater a exploração animal em fazendas industriais e na pesca. Fundada há 21 anos nos EUA, a MFA está presente no Brasil desde 2015 e em outros países da América Latina, Canadá, Índia, e em expansão na Ásia, com o objetivo de construir um sistema alimentar mais justo e sustentável. Para mais informações, acesse Mercy For Animals.

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