Por Antônio Oliveira

Na sua nuance campo do conhecimento para a promoção das cadeias produtivas da pesca e aquicultura, o Seafood Show dará espaço para a realização do Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado (SIMCOPE), evento criado pelo IP-APTA há 17 anos. O encontro será marcado por dois painéis: “Qualidade e segurança alimentar” e “A indústria do pescado na era 4.0”. Conforme a coordenadora do simpósio, a pesquisadora do IP-APTA Érika Furlan, “o cenário de pandemia intensificou a preocupação dos consumidores quanto à qualidade do alimento ofertado (inocuidade) e ao maior acesso à informação trouxe luz à importância da qualidade da água ao prato, visando não apenas a saudabilidade, às práticas humanitárias de produção animal e à redução do desperdício de alimentos; mas, também, ao respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores”.

Ela é mais uma entrevistada do COFARMNEWS, na sua programação jornalística de apoio ao Seafood Show.

Segue a íntegra da entrevista:

Centro-Oeste Farm News (CONFARMNEWS) – “AGRONEGÓCIO DO PESCADO: construindo um cenário para o consumo de produtos seguros e sustentáveis”. No que se sustenta este tema, diante do atual contexto da pesca e da aquicultura brasileiras?

Erika Furlan - O SIMCOPE – Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado é um fórum consolidado, no qual a academia, a indústria, os órgãos reguladores, serviços de inspeção e extensão, bem como organizações ligadas à distribuição e comercialização do pescado, buscam suporte técnico e científico para estimular o aumento do consumo de pescado pela oferta de qualidade. Em 17 anos de existência, o SIMCOPE tem abordado questões relativas à segurança alimentar, inovação tecnológica, ao mercado, às políticas públicas, em que as temáticas alimento seguro e sustentabilidade sempre estiveram presentes, visando à uma vida longa para o agronegócio do pescado.

Frente ao expressivo crescimento da aquicultura no país, bem como do consumo de pescado, questões ligadas à qualidade se tornam ainda mais relevantes visando à sustentabilidade desta cadeia produtiva e, ainda, objetivando o melhor aproveitamento dos recursos pesqueiros. Somado a isso, o cenário de pandemia intensificou a preocupação dos consumidores quanto à qualidade do alimento ofertado (inocuidade) e ao maior acesso à informação trouxe luz à importância da qualidade da água ao prato, visando não apenas a saudabilidade, às práticas humanitárias de produção animal e à redução do desperdício de alimentos; mas, também, ao respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores. Assim, diante deste momento de transformação dos mercados nossa pretensão é conduzir os diálogos dentro do contexto da saúde única (One Health) e debater, com os convidados e participantes, o papel da ciência e da inovação para a sustentabilidade desta cadeia produtiva.

CONFARMNEWS – Por que, neste ano, Seafood Show Latin América foi escolhido para sediar este simpósio?

Erika Furlan – A Francal Feiras e a revista Seafood Brasil sempre foram grandes parceiros da equipe da ULRTP – Unidade Laboratorial de Tecnologia do Pescado, do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio dos SIMCOPEs e na realização de workshops de negócios com a cadeia produtiva do pescado. Assim, neste ano, fomos convidados a estar com eles em mais esta oportunidade. A equipe ULRTP, idealizadora e organizadora do SIMCOPE, teve que cancelar a edição programada para 2020, por conta da pandemia do SARS-COV-2; mas está muito honrada em realizar o evento junto ao time da Seafood Show Latin América, e tem certeza que será uma excelente oportunidade de retomada aos eventos presenciais.

CONFARMNEWS – Quais os temas que estarão em debate neste evento?

Erika Furlan – A programação do IX SIMCOPE conta com dois painéis: um sobre “Qualidade e segurança alimentar” e “A indústria do pescado na era 4.0” que serão seguidos de uma mesa redonda, aproveitando as diferentes experiências e os modelos de negócio num mesmo ambiente, para estimular discussões que promovam o desenvolvimento sustentável desta cadeia produtiva e a oferta de pescado de qualidade aos consumidores, com o atendimento às regulações. Considerando o momento atual de mercados ainda fechados e as novas regulações para pescado sendo aprovadas, somamos à programação minicursos, que serão ministrados por técnicos do MAPA ( Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), visando ao repasse dos principais pontos e às dificuldades da agroindústria de pescado, no que tange à construção de um PAC - Plano de Autocontrole, para o atendimento às regras e à garantia da segurança no consumo. Além disso, será ministrado um minicurso de Identificação e Controle de Parasitas em Pescado, temática emergente no país, visto o crescente consumo de pescado, em especial, cru.

Saiba mais sobre a programação, acessando o site: http://www.simcope.com.br/programacao.html

CONFARMNEWS – Projetos como a Semana do Pescado, o Coma mais Peixe e os eventos brasileiros voltados para a pesca e aquicultura trabalham intensamente para aumentar o consumo de pescado na sociedade brasileira. Que tipo de contribuição o SIMCOPE pode dar a este processo?

Erika Furlan – Oferecer qualidade é a principal forma de fidelizar o consumidor e ter garantia de mercado. Assim, o principal evento sobre o tema no país sempre contribuiu com o estímulo ao consumo de pescado. Além disso, ao longo de seus 17 anos de história, o SIMCOPE realizou 14 eventos paralelos como estes a seguir:

- Workshop Empresarial (Brasil Food Trends).

- I Encontro da Pesquisa, Inspeção, Vigilância Sanitária e Extensão: Inserção do pescado como fonte de proteína na Alimentação Escolar.

- I Concurso Gastronômico.

- II Concurso Gastronômico.

- I Oficina Gastronômica.

- II Oficina Gastronômica.

- III WORKSHOP: Inclusão do pescado na Alimentação Escolar.

- III Concurso Gastronômico.

- Feira Asian & Japan Food Show.

- Workshop sobre Peixes Não Convencionais

Estes eventos paralelos podem evidenciar a aderência do SIMCOPE às demandas da cadeia produtiva do pescado, quanto a estimular seu consumo.

Além disto, o SIMCOPE é importante veículo para a divulgação e de ações de popularização desta área de conhecimento; sendo palco para o lançamento de livros, como o e-book “Polpa de Peixe: Dicas e Receitas”, publicado pela CODEAGRO em parceria com o Instituto de Pesca e a Universidade Católica de Santos. Esta publicação visa desmistificar a tecnologia da CMS - Carne Mecanicamente Separada e estimular o consumo do pescado.

CONFARMNEWS – O Brasil vive uma segunda revolução no campo da agropecuária, no caso da aquicultura, a “revolução azul”?

Erika Furlan – Eu diria que estamos passando por um processo de transformação dos mercados e com maior acesso à informação. Nesta era tecnológica temos uma parcela da população mais consciente das questões globais, porém acredito que estamos bem distantes de uma revolução azul, visto que, no país, pouco se discute sobre as formas mais eficientes de produção aquícola, no sentido da “One Health”. Apesar de já termos ciência da importância do Brasil na garantia da segurança alimentar global, frente a uma população mundial em constante crescimento, e a aquicultura ter uma baixa emissão de carbono, quando comparada a outros sistemas de produção de proteína animal e, ainda, que a produção do pescado requer a manutenção da qualidade ambiental para ser sustentável; precisamos investir em sistemas de produção aquícola mais equilibrados, a exemplo da aquicultura multitrófica e da mitilicultura. Além disso, a literatura científica destaca que a Segurança Alimentar e Nutricional global deve ser alcançada pelo aumento da produção de alimentos, pela melhoria da qualidade nutricional dos alimentos produzidos e redução na produção de resíduos alimentares.

O desperdício de alimentos é uma realidade no mercado nacional, assim como a situação de insegurança alimentar por parte da população. Quando falamos do pescado, a questão do desperdício é ainda mais delicada, pois as perdas se iniciam muitas vezes na produção primária, em especial pela fragilidade deste alimento e pela deficiência nas práticas pós-colheita, questão que pode ser agravada com a informalidade da atividade, outra realidade em muitas localidades.

CONFARMNEWS – Qual a contribuição da Academia e dos institutos de pesquisa para este processo?

Erika Furlan – A contribuição da academia e dos institutos de pesquisa tem sido fundamental para dar alicerce à uma produção de alimentos mais eficiente e sustentável. Entretanto, estamos num momento ruim para a ciência e tecnologia no país, e sem ciência não há desenvolvimento!

CONFARMNEWS – Como participar do IX SIMCOPE?

Erika Furlan – A inscrição nesta nona edição dá direito à participação em um dos minicursos oferecidos e pode ser realizada pelo site, acessando este link: http://www.simcope.com.br/inscricao-on-line.html

CONFARMNEWS – Da nossa parte, era isto o que queríamos que informasse aos nossos leitores. Contudo, este espaço está franqueado para outras informações que acredita serem necessárias.

Erika Furlan - O desenvolvimento do setor de pescado no país tem como um de seus gargalos a falta de treinamento e atualização dos recursos humanos, visando à melhoria da qualidade do pescado capturado/colhido e seu aproveitamento integral, com consequente redução nas perdas durante as etapas de operações de pesca e processamento, bem como, a valoração do produto. Dentro deste contexto, deixo aqui o meu convite a leitores e leitoras para estarem conosco no Seafood Show Latin America, contribuindo para os debates junto ao IX SIMCOPE – Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado.

Venham fazer parte desta rede de oportunidades!

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