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PALMAS – Manter as araras-canindé na zona urbana da cidade é criar problemas de difícil solução

PALMAS – Manter as araras-canindé na zona urbana da cidade é criar problemas de difícil solução

A ideia é boa quando se pensa em proteção e espetáculo da natureza entre concretos e asfalto de uma cidade que cresce de forma extraordinária. Não é boa, porém, sob o ponto de vista ambiental e biológico – ou zoológico #araras #araras urbanas #canindés #palmas #araras de palmas

As araras promovem um espetáculo de grande beleza ao sobrevoarem
Palmas (Foto: Secom/Palmas)
 

Por Antônio Oliveira

De alguns anos para cá bandos de araras-canindé, também conhecida como arara-de-barriga-amarela, arari, arara-amarela, arara-azul-e-amarela, araraí e canindé (Ara ararauna) fazem revoadas sobre a área urbana de Palmas, capital do Tocantins, construindo ninhos, principalmente em ocos do topo das palmeiras imperiais adoecidas, sem copas, encantando moradores e visitantes da cidade. Elas se acostumaram tanto com a vida urbana que muitas se tornam dóceis e interagem com as pessoas.

Recentemente foi anunciado que uma empresa, em parceria com a Prefeitura de Palmas, vai construir ninhos artificiais por toda a cidade para abrigarem essas aves. A ideia é boa quando se pensa em proteção e espetáculo da natureza entre concretos e asfalto de uma cidade que cresce de forma extraordinária. Não é boa, porém, sob o ponto de vista ambiental e biológico – ou zoológico. Estão querendo garantir um show a mais para moradores e turistas, mas não se preocuparam, ainda, em estudar a causa dessa migração do Cerrado para áreas urbanas. No Brasil, a espécie em questão é nativa do Cerrado, mas vivem também em outras regiões do país, da América Central, Paraguai e Bolívia.

O certo, para a preservação da espécie, seria promover meios do retorno dessas aves para o seu habitat natural. Na região de Palmas o ecossistema das araras-canindé são as serras – do Carmo e Lajeado – e as matas de Cerrado, não só no entorno de Palmas, mas ao redor das diversas aldeias indígenas existentes no Estado. Os índios se dão muito bem com elas e vice-versa e poderiam colaborar com os poderes públicos para o retorno desses pássaros ao seu habitat.

Dar condições para que essas belas aves se fixem na cidade é criar problemas de difícil solução anos mais tarde, é um atentando ao equilíbrio ambiental. E elas já estão causando problemas. Pude observar, dias destes, que elas destroem a copa das belas palmeiras imperiais, entram nos quintais urbanos e destroem frutas de árvores frutíferas, como manga, goiaba, coco-da-baía. Fruteiras presentes, também, por toda a zona urbana de Palmas.

As arras estão destruindo palmeiras imperiais (Crédito: na foto)

 

Veja bem os problemas criados por pardais e pombos nas grandes cidades: fazem ninhos em prédios em forros de casas residenciais;  sujam as praças e de demais logradouros, transmitem pragas e doenças para os seres humanos. Nos hospitais, então! E vão só se proliferando, pois as pessoas, inclusive das prefeituras,  evitam a matança desses pássaros – desumano e crime ambiental. Buscam o controle e a migração delas para os ecossistemas de cada um desses pássaros. Sem contar os custos financeiros para manterem praças e áreas prediais externas e internas limpas. Se pardais e pombos que são, respectivamente, aves de micro e pequeno porte dão estes trabalhos, imagina as araras com seus cerca de 1Kg e quase um metro de cumprimento?

Opino que a área do Ministério Público do Tocantins deve intervir no projeto supracitado, evitando-se que mais tarde, as araras causem transtornos de difícil solução, como causam os pardais e os pombos nas grandes cidades. Idem Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e Ibama.