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ENTREVISTA / JAIRO GUND – “Estamos na expectativa de que o IFC desse ano seja ainda maior e ainda mais representativo”
Data de Publicação: 14 de agosto de 2022 19:53:00 “O desafio é o setor produtivo trabalhar organizado entre si e também andando de mãos dadas com o governo, para que a gente possa desenvolver essa atividade que tem tudo para continuar crescendo” #entrevistacomjairogund #entrevista #jairogund #pescaeaquicultura #ifc2022 #semanadopescado
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Jairo Gund, secretário nacional da Aquicultura e Pesca (Foto: Divulgação)
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Por Antônio Oliveira
Na série de entrevistas com foco na pesca e aquicultura, atendendo a pautas deste site, que é média partner do IFC 2022 e da Semana do Pescado, eu entrevistei o secretário nacional da Aquicultura e Pesca, Jairo Gund. O abordei sobre o atual momento da pesca e aquicultura; das divergências entres estes dois setores; sobre o IFC 2022 e Semana do Pescado.
Segue a entrevista, que foi feita de forma virtual.
Centro-Oeste Farm News (COFARM) - Secretário, na reta final do atual governo federal, quais resultados a sua pasta pode apresentar no que diz respeito a políticas públicas para a pesca e a aquicultura?
Jairo Gund - Nós temos ainda muitas entregas até o final do ano. Na aquicultura nós temos ainda, até o final do ano, muitos contratos de águas da União. No ano passado foi o nosso recorde histórico e pelo ritmo que estamos, devemos ultrapassar até o final do ano, o recorde do ano passado, o que também reflete a alta nas exportações. No ano passado nós fechamos o ano com um aumento de 78% das exportações em relação ao ano anterior, o número recorde. Neste primeiro semestre já batemos 100% a mais de produção em relação ao mesmo período do ano passado. Então, temos ainda várias ações da aquicultura a entregar nesse sentido de ampliar as produções e também com relação à abertura do mercado europeu. Temos atuado fortemente nesse assunto, a expectativa de conseguirmos a liberação ainda este ano de uma missão europeia para o nosso país. Com relação à pesca, a grande entrega que teremos este ano será a revisão da IN 10, que desde de 2019 nós estamos trabalhando na revisão da normativa, que é a matriz de permissionamento da pesca. Nós já passamos por duas consultas públicas, um workshop e contribuições dos nossos cientistas e estamos já na fase final e até o final do ano devemos revisitar e ajustar essa questão da matriz de permissionamento, pendente desde 2011. Trazendo inclusive para dentro dessa nova norma também a matriz de permissionamento para pesca continental.
COFARM - Há, entre corporações e lideranças destes dois setores de proteína de organismos aquáticos, certa rivalidade, divisão, mesmo que os dois setores são afins e, assim, a pasta do governo não é só da pesca, ou só da aquicultura; a instituição de pesquisa da Embrapa não é apenas em pesca ou em aquicultura, estão voltada, também, para os dois setores. O que significa esta divergência para as políticas públicas do governo?
Jairo Gund - Isso é um pouco compreensível, uma vez que a aquicultura tem uma cultura de trabalho totalmente diferente do que é a realidade da pesca. A gestão pesqueira ficou bem abandonada após o término da Sudepe no final da década de 80 e trouxe consequências graves para o setor, inclusive culturais das atividades que estamos trabalhando para que a gente consiga cada vez mais avançar nas questões de gestão pesqueira com compliance. Mas quando se olha a cadeia de valor, ela está totalmente interligada, é necessário haver um portfólio de produtos de pescado, seja de carcinicultura, seja de pescado de cultivo, extrativismo, importado, produção nacional, para que se consiga fazer um portfólio de produto que compense a logística de entrega. As duas atividades, apesar da produção primária ser tão diferentes, a cadeia de valor se afunila na indústria e ela é totalmente interligada. Então, o desafio é justamente que se consiga conduzir a cadeia de valor, buscarmos sempre caminhos convergentes e o que há de diferente tratar com suas especificidades, mas nunca deixar de olhar na cadeia de valor.
COFARM - O senhor acredita que, com o bom momento da pesca e da aquicultura no Brasil nos últimos anos, aliado ao bom trabalho realizado por esta secretaria, esta caminha para se reverter em ministério, seja lá quem for o próximo presidente da República?
Jairo Gund - Essa é uma questão que fica na ordem da Presidência da República. Mas entendemos que estamos muito bem na casa do agro, uma vez que a produção de pescado é uma atividade do agronegócio, talvez com uma infraestrutura melhor para que a gente possa apoiar ainda mais o desenvolvimento dessa atividade, que dentro do agro foi a que mais cresceu nos últimos anos.
COFARM - Na sua opinião, o que falta para que o Brasil explore todo o seu potencial de pesca e aquicultura, tornando, se não potência mundial, ao menos encostando à China?
Jairo Gund - O Brasil é um país de extensão de área continental e, mesmo com tanta abundância, ficamos anos de costas para o mar ou para as águas. E desenvolvemos outras atividades do agronegócio, o que influenciou a nossa cultura de consumo também. Por isso, nós consumimos muito mais outras proteínas animais do que o próprio pescado, diferente do restante do mundo, onde 51% do business de proteína animal acaba sendo pescado em nível global, e no Brasil ainda não é essa realidade. Mas, também, isso nos favorece, porque uma vez que o restante do mundo entra em colapso por questões ambientais, nós estamos engatinhando e fazendo da forma certa. Ou seja, nós iremos crescer nossa atividade de produção de pescado de forma sustentável. Então, não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil é a bola da vez para as próximas décadas na produção de aquicultura.
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"Pesca e Aquicultura têm suas diferenças na produção primária. Mas,
na cadeia de valor, deveria andar juntas" (Foto: Ascom/Mapa)
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COFARM - Depois dos excelentes resultados da AQUISHOW BRASIL 2022, vem aí o IFC 2022. O que o governo federal espera deste evento no processo de suas políticas públicas para os setores de pesca e aquicultura?
Jairo Gund - Nós temos quatro grandes eventos no Brasil, a AQUISHOW, que é específico para aquicultura, em São Paulo; o IFC, que é mais abrangente, ele acaba pegando a cadeia de valor maior; temos a Fenacam, que é um evento de aquicultura mais direcionada para a carcinicultura. E, agora, temos um novo evento, o Seafood Show, que ocorrerá agora em outubro em São Paulo, também voltado mais para indústria e varejo. São quatro grandes importantes exemplos que vêm marcando o setor e honrando o desenvolvimento tecnológico, como meio de disseminação de novas tecnologias, melhores maneiras melhores práticas e também um bom momento de encontro para novos negócios. Então, a gente vê com bons olhos, a secretaria, o Ministério da Agricultura tem apoiado esses eventos e estamos na expectativa de que o IFC desse ano seja ainda maior e ainda mais representativo.
CONFARM - Vem aí, mais uma edição da Semana do Pescado, projeto que nasceu dentro desta pasta, quando era Ministério. Para o governo, qual é a importância deste evento para a pesca e aquicultura no Brasil?
Jairo Gund - Esse é um evento que já está na sua 19ª edição. ele foi idealizado pelo governo, mas foi executado em conjunto entre o setor privado e o governo, o que foi o motivo do seu sucesso, se transformando em um grande marco para o consumo de pescado. Nós temos dois grandes picos naturais de consumo de pescado: na quaresma e, no final do ano, especialmente o consumo do bacalhau. Por questões culturais, no Brasil consumimos outras proteínas e a ideia foi criar um novo pico de incentivo ao consumo, momento em que são feitas várias ações comerciais, promoções por parte da indústria, produtores, rede de varejo, área de food service e com as campanhas de marketing que o governo tem apoiado desde então. Assim, se consegue mais estabilização no crescimento tanto para a atividade como no consumo, atendendo os padrões de qualidade e de saúde que o consumo do pescado traz ainda como benefício.
COFARM - Cada vez mais o agronegócio de grãos, fibra e pecuária entram no ramo da piscicultura – até o mega Bom Futuro. Como o senhor analisa este acontecimento na piscicultura?
Jairo Gun - Esse acontecimento é natural, todas as atividades estão interligadas, especialmente a agricultura familiar, que representa 90% da atividade do agronegócio no país, também são os aquicultores. Então, acaba não tendo como dissociar. Vejo de forma natural, mais uma vez comprovando que a atividade de pesca e aquicultura é uma atividade do agronegócio e está totalmente interligada.
COFARM - De que forma sua pasta contribui com esta estratégica de mercado?
Jairo Gund - Nós temos trabalhado para a ampliação de novos mercados e apoios no mercado internacional. Em articulação com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, estamos em agenda até o final do ano justamente para montar um plano estratégico de abertura de novos mercados em outras áreas, evitando assim uma concentração de comercialização internacional na mão de poucos mercados, porque isso aumenta o risco do negócio. Então, temos atuado ativamente nesse assunto, a questão do Plano Safra, o Fundo da Marinha Mercante para a pesca são ações diretas e interlocuções da nossa Secretaria, ações de fomento da nossa pasta justamente para facilitar melhorar o ambiente de negócio para nossa Pesca e Aquicultura.
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COFARM - Para finalizar esta entrevista, gostaria de deixar uma mensagem para os atores da pesca e da aquicultura?
Jairo Gund - Primeiramente, registrar o respeito total a todos os produtores, todas as indústrias e toda a cadeia de valor que envolve a atividade de pesca e aquicultura, por acreditarem nessa atividade que sem dúvida será a atividade do agronegócio para as próximas décadas que mais irá crescer. Então, o recado é continuar apostando no Brasil, temos muitos desafios pela frente, temos muitas questões ainda a resolver. O desafio é o setor produtivo trabalhar organizado entre si e também andando de mãos dadas com o governo, para que a gente possa desenvolver essa atividade que tem tudo para continuar crescendo. Já deu certo no Brasil, já deu certo no mundo. Crescemos muito e iremos crescer sem dúvida nenhuma, se continuarmos no ritmo que estamos. A Pesca e a Aquicultura deixarão ainda muitas alegrias ao nosso país.

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