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CERRADO BAIANO - Região ultrapassa Minas Gerais e se consolida como o maior polo de irrigação do Brasil.

CERRADO BAIANO - Região ultrapassa Minas Gerais e se consolida como o maior polo de irrigação do Brasil.

Data de Publicação: 17 de dezembro de 2024 10:03:00 Minas Gerais, Bahia e Goiás têm as maiores áreas irrigadas do Brasil, com São Desidério (BA), liderando. Mais de 70% da irrigação está no Cerrado. A área irrigada por pivôs centrais aumentou de 1,92 milhão de hectares em 2022 para 2,2 milhões em 2023. No entanto, a irrigação representa apenas 2,6% da área irrigada mundial, e a maior parte da produção agrícola ainda depende das chuvas.

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 Minas Gerais, Bahia e Goiás têm as maiores áreas irrigadas do Brasil, com São Desidério (BA), liderando. Mais de 70% da irrigação está no Cerrado. A área irrigada por pivôs centrais aumentou de 1,92 milhão de hectares em 2022 para 2,2 milhões em 2023. No entanto, a irrigação representa apenas 2,6% da área irrigada mundial, e a maior parte da produção agrícola ainda depende das chuvas.

 

Levantamento atual mostra que 2,2 milhões de hectares são irrigados por pivôs centrais no Brasil. Em 2022, a área correspondia a 1,92 milhão de hectares
(Foto: Antônio Oliveira)

Da redação

O extremo oeste da Bahia agora se destaca como o maior polo de irrigação por pivôs centrais no Brasil, superando o noroeste de Minas Gerais, que ocupava essa posição até recentemente. Essa informação foi revelada por um levantamento da Embrapa, com dados atualizados até outubro de 2024. O estudo indicou uma expansão significativa de quase 300 mil hectares irrigados em relação à análise anterior realizada em 2022, em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Atualmente, o Brasil conta com 2,2 milhões de hectares irrigados por pivôs centrais, enquanto em 2022 essa área era de 1,92 milhão de hectares.

- Os dados atuais demonstram um crescimento superior a 14% nas áreas irrigadas em apenas dois anos, evidenciando a dinâmica do setor - afirma o pesquisador Daniel Guimarães, da área de Agrometeorologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG), um dos responsáveis pelo estudo, que também contou com a colaboração da pesquisadora Elena Charlotte Landau, especialista em Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.

Os resultados do levantamento mostraram que 2.200.960 hectares estão irrigados por 33.846 pivôs centrais, com um aumento de 140.842 hectares e 3.807 novos equipamentos de irrigação. Os municípios que se destacam com as maiores áreas irrigadas por pivôs centrais no Brasil são: São Desidério, na Bahia, com 91.687 hectares; Paracatu, em Minas Gerais, com 88.889 hectares; Unaí, também em Minas Gerais, com 81.246 hectares; Cristalina, em Goiás, com 69.579 hectares; e Barreiras, na Bahia, com 60.919 hectares, conforme enumera Guimarães.

Segundo o pesquisador, esse crescimento pode ser atribuído a fatores como as condições topográficas favoráveis, a facilidade na implementação de projetos, o uso das águas do Aquífero Urucuia e o armazenamento de água para irrigação em tanques de geomembrana.

- As tendências de crescimento nas principais áreas irrigadas indicam que, em breve, Barreiras (BA) poderá superar Cristalina (GO) - acrescenta Guimarães.

Ele ressalta que Minas Gerais ainda é o estado com a maior área irrigada por pivôs centrais, totalizando 637 mil hectares, enquanto a Bahia ocupa o segundo lugar, com 404 mil hectares, superando Goiás.

Entre os biomas brasileiros, mais de 70% dos equipamentos de irrigação estão localizados no Cerrado, e apenas o Pantanal não registrou o uso de irrigação por pivôs centrais nesta análise. Além disso, mais de 70% dos sistemas de irrigação do país utilizam águas das bacias hidrográficas do Rio Paraná (37,7%) e do Rio São Francisco (33,1%).

- O mapeamento das áreas irrigadas e o estado de uso desses equipamentos (se estão inativos ou em operação) são essenciais para a gestão eficiente dos recursos hídricos no Brasil, permitindo a expansão sustentável da atividade e minimizando conflitos pelo uso da água -  observa o pesquisador.

Embora o Brasil seja um dos principais produtores mundiais de alimentos, bioenergia e fibras, a maior parte da produção agrícola ainda depende da chuva.

- Atualmente, a área irrigada no Brasil representa apenas 2,6% da área irrigada global, mesmo tendo cerca de 12% da água superficial e as maiores reservas de água subterrânea do planeta - analisa Guimarães.

A área total irrigada no Brasil, que gira em torno de 9,2 milhões de hectares, abrange todos os sistemas de irrigação, como gotejamento, inundação e aspersão convencional. Essa área é inferior à do Irã e do Paquistão, três vezes menor que a dos Estados Unidos e oito vezes menor que as áreas irrigadas na China e na Índia. As principais vantagens da irrigação incluem o aumento da produtividade por hectare (que pode ser de duas a três vezes maior em comparação aos cultivos não irrigados), melhoria na qualidade e estabilidade da produção, e a possibilidade de produção fora da safra, além de reduzir a pressão para expandir a fronteira agrícola.

Entretanto, essa prática também apresenta desvantagens, como o elevado consumo de água dos mananciais. Muitos aquíferos enfrentam processos de depleção, onde a recarga é inferior ao volume retirado, como é o caso do Aquífero Ogalalla, nos Estados Unidos, que é a principal fonte de água do estado de Nebraska, que possui a maior área irrigada do país.

- O rebaixamento do nível dos aquíferos traz grandes desafios para a produção de alimentos no futuro, devido à diminuição da oferta de água a longo prazo, ao aumento dos custos de bombeamento, à redução das vazões das águas superficiais e à tendência de salinização das águas subterrâneas - alertam Guimarães e Landau.

Além disso, eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas, ondas de calor e chuvas excessivas, têm impactado negativamente a produção agrícola de sequeiro no Brasil, gerando instabilidades tanto no mercado interno quanto nas exportações.

- Essas volatilidades inerentes à produção de sequeiro têm contribuído para o crescimento da agricultura irrigada no Brasil - conclui Guimarães.

Com as vantagens comparativas do Brasil em relação à quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a Agência Nacional de Águas monitora os recursos hídricos e as principais fontes de consumo. A agricultura irrigada é a principal usuária desses recursos, especialmente no que diz respeito à irrigação de arroz e cana-de-açúcar por pivôs centrais.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa, o sistema de irrigação por pivôs centrais apresenta a maior tendência de crescimento e vem sendo monitorado desde 1985, por meio de parcerias entre a Agência Nacional de Águas, a Embrapa e outras instituições.

Com informações da Embrapa Milho e Sorgo.

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