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Agro é pop. A aquicultura, também. Mas precisam de mais humildade, união e comunicação
Data de Publicação: 30 de julho de 2022 19:39:00 “Repetindo a saga denominada “Revolução Verde”, a pesca e a aquicultura, principalmente o setor de piscicultura, vivem, no Brasil a “Revolução Azul”. Entretanto, principalmente a piscicultura, repetem os erros do agronegócio de agricultura e pecuária – grãos, fibra, gado de corte e de leite, principalmente” #opinião #antôniooliveira #marketingrural #piscicultura #comunicação #pescaeaquicultura #faltadecomunicação
Por Antônio Oliveira
(Vai neste artigo, propositadamente, um pouco história. Este artigo é uma oportunidade de evidenciar um pouco da história do agro no oeste da Bahia, da qual sou um dos protagonistas)
Já se vão 36 anos desde quando, a convite da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), banco estatal japonês; Secretaria do Planejamento da Bahia e Companhia de Promoção Agrícola (Campo), fui conhecer a etapa pioneira do Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer), no Cerrado mineiro (região noroeste do Estado). O objetivo do convite, que levou em conta a minha condição de formador de opinião e atuação no rádio (Rádio Barreiras) e em jornal (a saudosa Folha de Barreiras, fundada por mim em 1984), foi o de eu conhecer toda a dinâmica do programa e multiplicar informações para a sociedade do oeste da Bahia, mais precisamente Barreiras e Formosa do Rio Preto, onde seria implantando o Prodecer II, uma iniciativa dos governos japonês e brasileiro e implantado e coordenado pela Jica, Campo e governos dos estados contemplados com este projeto. Vi neste programa o maior e mais sério projeto de reforma agrária já visto no Brasil, no qual não se jogaram na terra homens e mulheres - muitas vezes sem aptidão para o cultivo da terra -, sem recursos, sem estrutura e sem assistência técnica. Assim, acompanhei e informei à sociedade todo o processo de organização e assentamento das 38 famílias de colonos no projeto, em Formosa do Rio Preto, com reflexos diretos para Barreiras.
Foi o meu primeiro contato efetivo com o agronegócio. Mas, antes, já acompanhava e reportava na rádio e no meu jornal, até com certa euforia, a chegada de agricultores, principalmente do Paraná e do Rio Grande Sul, que foram abrindo áreas e mais áreas para o cultivo de soja – às vezes, antes, o arroz como formação de solo. Quando denominei Barreiras de “Capital da Soja”, fui chamado de ufanista e utópico. Neste ínterim, nem o Banco do Brasil acreditava na viabilidade do Cerrado baiano e, assim, recusava-se a custear safras no Cerrado da região. Anos mais tarde, no início da década de 1990, este próprio banco se apropriou do meu bordão e mandou confeccionar adesivos com a frase “Barreiras, Capital da Soja”.
A partir de 2003, quando criei a revista Cerrado Rural Agronegócio, voltada para o desenvolvimento do agronegócio nos cerrados da Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, região que denominei de BAMAPITO (e nem existia ainda a ação do governo federal que institucionalizou a região como MATOPIBA), passei a ter o jornalismo de agronegócio como único meio de vida e ao qual tenho sido muito dedicado, responsável e, apesar das dificuldades e incompreensões, fazendo um trabalho propositivo, com resultados positivos para a região, alguns deles, tão grandiosos que evito falar, na imprensa, para não causar ciúmes na classe política. Eu tenho vocação mandatos eletivos. Gosto e sempre me coloquei na parceria com governos para o desenvolvimento social e econômico. Isto, sim. Prerrogativas - que me desculpe o querido leitor -, que me dão motivos para exigir de um ou de outro sem noção e que tentam barrar a minha trajetória, respeito à minha pessoa, ao meu trabalho, aos meus ideais.
Prossigo.
Durante os últimos quase 20 anos, tanto tenho reportado o desenvolvimento do agronegócio regional e nacional, quanto o estudado e apontado falhas, principalmente no relacionamento do agro com os citadinos, com a Academia e com os jovens. O agro é um dos setores mais fundamentais para a paz social e, claro, para a segurança alimentar de todo o planeta. Exceto as ações de um ou de outro aventureiro e irresponsável e, ao contrário das vozes dos pseudo-ambientalistas e da esquerda fanática (veja bem que não estou generalizando), o agro brasileiro é o mais consciente do mundo, em termos de produção sustentável. Entretanto, é visto por aqueles grupos supracitados como demônio, devastador dos rios e da terra e até de organização criminosa, como acreditam ser a sigla MATOPIBA. Para essa gente, o campo não deveria ter soja – “ninguém come soja” -; o campo não deveria usar defensivos químicos e por ai vai o rosário de ignorância e/ou má fé.
E por que este equívoco? A resposta é uma tecla que venho batendo ao longo dos últimos 19 anos: “O agro, salvo as raras exceções, é arrogante, não sabe comunicar/relacionar-se com as populações urbanas, nem fazer o seu marketing”. Falei isto, inclusive, em 2015, em São Paulo, num encontro entre jornalistas de agronegócio e a diretoria da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), cujo presidente e diretores, da época, me olharam com espanto e engasgados e me contestaram – um dos diretores, mais sensato, me deu certa razão. E repeti a minha colocação, naquele dia, e venho repetindo.
Há mais ou menos 4 anos, em Tocantins, recebi uma ligação telefônica de um executivo de Comunicação de uma multinacional, sediada em São Paulo, perguntando-me se eu o recebia para falar sobre esta minha posição. Claro que o recebi e conversamos muito. Ele deu razão à minha opinião e expôs as novas diretrizes de comunicação do grupo de atuação global, corrigindo estas falhas de comunicação e de marketing. De dois anos para cá, a ABMRA passou a admitir este grande erro do agro e, mais recentemente, apresentou aos jornalistas de agro um projeto de incentivo e apoio às mídias de agronegócio. Um bom projeto para começar a unir ao agro, a mídia, a população urbana e a Academia. Quiçá, o setor conquiste a simpatia dos cidadãos e cidadãs e não seja mais tão mal visto, dando combustível para a concorrência internacional.
Entro no objetivo central deste meu artigo:
Repetindo a saga denominada “Revolução Verde”, a pesca e a aquicultura, principalmente o setor de piscicultura, vive, no Brasil a “Revolução Azul”. Entretanto, principalmente a piscicultura, repetem os erros do agronegócio de agricultura e pecuária – grãos, fibra, gado de corte e de leite, principalmente -, os carros-chefe do agronegócio brasileiro e do mundo. Repete estes erros e alguns outros que podem culminar em ataques equivocados, assim como tem acontecido com o carro-chefe do agro.
Em recente encontro virtual do Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e Aquicultura (COMPESCA), da Fiesp, sobre a “Semana do Pescado: experiências transformadoras de incentivo às vendas no varejo” (preparativos para a Semana do Pescado), a diretora da Associação PeixeSP e coordenadora do evento AQUISHOW BRASIL, Marilza Patrícia Fernandes, tendo como gancho a palestra da marketeira da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Lívia Machado, sobre as estratégias de marketing desta associação, entre as quais um fundo para investimentos em publicidade e marketing da carne suína, teve a palavra e voltou a bater nesta importante tecla, pressionada por ela há tempos, que é a criação, na pesca e aquicultura, de um fundo com os mesmos objetivos do que fora criado e usado pela ABCS. Pedi a palavra por três vezes para bater nesta tecla, também, mas não a tive, devido ao tempo.
Nesta mesma oportunidade, o secretário nacional da Aquicultura e da Pesca, Jairo Gund, bateu em outra tecla fundamental: a necessidade de união entre pesca e aquicultura. Hoje, o que se vê, conforme ele destacou, é uma picuinha de ciumeira e de divisão que enchem o saco e dificultam ações de governo.
Olha, a pesca e a aquicultura precisam muito mais do que citaram a Lívia, a Marilza e o Jung. A piscicultura, principalmente, não precisa apenas de um fundo. Precisa de um plano de publicidade e marketing e sua execução; precisa reconhecer a importância da pesca e da união dos dois setores. Ponta-pé para isto foi dado pelo ex-ministro da Aquicultura e Pesca, Altermir Gregolin, e pela COMPESCA ao mudarem a denominação de Semana Nacional do Peixe para Semana Nacional do Pescado. Foi um cartada inteligente que, no ano passado, o atual presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros, acredito que não numa posição colegiada, não admitiu e algumas vezes foi antiético com os coordenadores e demais atores da Semana do Pescado. Idem naquela fase triste da Doença de Haff, quando publicou nas suas redes e no site da entidade que preside um vídeo de um inescrupuloso pesquisador de uma das unidades da Embrapa na Amazônia, defendendo a piscicultura e jogando o problema para a pesca, num Estado em que milhares de famílias vivem justamente da pesca. Posição colegiada? Não acredito, pelo o que conheço dos demais homens e mulheres que compõem a diretoria da PeixeBR
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O velho Fiat 147 com o qual traçava o Cerrado baiano em busca de
informação e integração. Era um dos poucos modelos e marcas que aguentavam
o "batidão" do Cerrado daquela época (Foto: Acervo pessoal)
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Além destes detalhes supracitados, faltam na piscicultura corporativa brasileira mais humildade e atenção a cadeia produtiva da piscicultura como um todo. Estou no setor, como jornalista, há alguns anos – e tenho um livro inédito sobre este setor no Tocantins -, e ouço muito de pequenos piscicultores e associações estaduais associadas à PeixeBR que “não me sinto representado (a)”, num claro entendimento de que a associação em voga é elitizado, ou seja, que representa apenas as grandes empresas e corporações do setor.
No contexto geral, é preciso que os representantes deste importante setor, tenham mais humildade; respeitem e valorizem os recursos humanos que se colocam em defesa e apoio a esta “Revolução Azul” e não atuem apenas na órbita de seus interesses pessoais e comerciais; na busca dos grandes holofotes – leia-se grande imprensa -, menosprezando a imprensa especializada regional. Aliás, podem se contar nos dedos das mãos os jornalistas brasileiros especializados em pesca e aquicultura. E o que estes dois setores estão fazendo para cativar esses poucos profissionais aliados e na formação, ou no interesse de mais jornalistas pelos dois setores?
Por fim, é preciso que as lideranças dos dois setores atuem mais em colegiado nas suas decisões, à luz da humildade e do reconhecimento de valores, não provocandoa rejeição de um para o outro. O setor precisa agregar valores, não desagregar, espantar.
Esta é minha opinião e que espero que seja refletido pelas duas cadeias produtivas de pescados. Não esperem para ser atacados com os equívocos dos ataques ao carro-chefe do agro. O Brasil e o mundo precisam de todos nós em harmonia, um respeitando o outro, para o bem geral. Humildade é uma peça fundamental em qualquer atividade humana.

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